Por: Rafaela Kalil
Foto: Gabriel Lemos
Fundador, presidente e jogador: multifaces de Luciano Reis
Aos 11 anos, nasce a primeira de muitas novas faces que Luciano da Anunciação Reis viria a assumir após um acidente de trânsito quando uma de suas pernas foi amputada. Hoje, com 43 anos, é presidente da Associação Baiana de Desporto Adaptado (ABDA), tendo participado de sua idealização e fundação, além de atleta do time.
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O presidente e atleta do Esporte Clube Bahia de Amputados começou a jogar futebol, aos 12 anos, com uma equipe de jogadores de futebol convencional. Já em 2012, iniciou sua carreira profissional na Associação Niteroiense de Deficientes Físicos (ANDEF) em Niterói/RJ, através de um projeto inicial que posteriormente se tornou um dos primeiros clubes da modalidade.
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Desbloqueando mais uma face, em 2016, foi eleito o melhor jogador do campeonato mineiro pela Associação Mineira de Desporto para Amputados (AMDA) e em 2019 recebeu esse mesmo título no campeonato baiano pelo E.C. Bahia, em consonância com o time que se consagrou campeão baiano, sendo esse seu primeiro título individual e em grupo.

Associação Baiana de Desporto Adaptado (ABDA)
Historicamente falando, o início original deste movimento ocorreu logo após as grandes guerras, quando os soldados voltavam para seu país de origem com vários tipos de mutilações e tinham necessidade de uma ressignificação da sua vida, que era encontrada em diversos tipos de desportos. O desporto carrega a competência de dar visibilidade a capacidade e superação dos indivíduos para além de suas deficiências.
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Fundada em junho de 2017, a ABDA visa a inclusão social de pessoas com deficiência através do esporte. Luciano, como um de seus idealizadores, tinha um enorme desejo de formar uma equipe na Bahia e por entre reuniões e conversas o projeto saiu do papel e hoje conta com a união dos times do Bahia e Camaçari, formando uma parceria.
Foto: Gabriel Lemos


Foto: Gabriel Lemos
Presidência e desafios
O então presidente da ABDA e do E.C. Bahia de Amputados, estabeleceu como princípio de vida, desde 2012, a convocação de pessoas com deficiência para jogar futebol society. Diante desse empenho a motivação para aceitar o cargo foi a idealização do projeto e a expectativa de que se tornaria algo muito maior do que se esperava.
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No entanto, junto com o propósito surgiriam desafios a serem ultrapassados. A visibilidade, a falta de apoio financeiro e social e a falta de patrocínio são queixas recorrentes, não só para Luciano mas também para os outros atletas que compõem o time.
“Nós da ABDA estamos fazendo a visibilidade acontecer ‘na marra’, sempre aproveitando eventos e a utilização da mídia”, conta o presidente.
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Segundo o fundador, a mudança no apoio e na visibilidade que o esporte alcança hoje deveria ser reestruturada sob a responsabilidade das diretorias acima dele. A exemplo de Luciano, o Esporte Clube Bahia, o qual o de amputados carrega o mesmo nome, não colabora para a propagação do esporte, não patrocina e nem desprende de nenhuma verba auxiliar e para ele essa segue sendo a maior dificuldade, para além da ocupação em mais espaços e conhecimento popular.